domingo, 5 de junho de 2016

BULLYNG: AFINAL, QUE BICHO É ESSE?

Por Rebeca Porto
Há alguns anos um “novo” fenômeno tem se tornado evidente na mídia e vem sendo discutido cada vez mais, principalmente nas escolas, o BULLYNG.
O BULLYNG é uma palavra do dicionário inglês, sem tradução literal para o português, mas que é utilizada para definir um conjunto de comportamentos agressivos.
Eu tenho escutado com muita frequência, principalmente de pessoas mais velhas, da geração da minha mãe (que hoje tem 44 anos, com rostinho de 30 rsrs) e até da minha geração, com 20 e poucos anos, que esse negócio de Bullyng é frescura: -“no meu tempo, eu apanhava, eu batia e não tinha nada disso, esses meninos de hoje são muito é fresco”. Mas será que é frescura mesmo? O que mudou nestes anos?
Primeiro, NÃO. Bulling não é frescura, Bullyng não é brincadeira, Bullyng é coisa SÉRIA, muito SÉRIA, diga-se de passagem. Então, o que mudou? Será que mudou?
Como eu coloquei acima, o Bullyng é um fenômeno “novo”, notem que coloquei o novo entre aspas. Usei as aspas porque ele é um fenômeno novo no sentido de ser estudado e receber um nome próprio, que defina um conjunto de comportamentos agressivos. Na verdade, a agressão na escola acontece há muito tempo, mas apenas passou a ser estudado, quando se evidenciou uma relação entre agressões escolares com diversas consequências negativas para crianças e adolescentes.
A principal característica do Bulling é que ele é uma manifestação agressiva repetida, de um agressor em direção a uma mesma vítima, ou seja, uma criança que de repente bateu no colega, por exemplo, não está praticando o Bullyng, se esse ato não se repete por diversas vezes (isso não quer dizer que não seja errado, nem que o fato não deva ser investigado e punido). Outra característica é que a sua prática é mais comum nas escolas, por ser o local onde a criança/ adolescente passa maior parte do tempo em companhia de outras crianças/adolescentes. O Bullyng pode ser dividido em 4 categorias:

Mas por que as pessoas praticam Bullyng?
As pesquisas sobre o assunto apontam diversos fatores, entre eles estão:
Ø  Sofrer violência em outras esferas: A relação entre vítima e agressor, no Bullyng, é claramente uma relação de poder. Nesse sentido, o “mais poderoso” pratica o Bullyng contra o mais frágil e que não pode ou não consegue se defender. Esta relação de poder provavelmente está sendo repetida em outras esferas, principalmente em casa, onde essa criança/adolescente que se comporta de forma agressiva na escola é uma figura frágil em casa. Ele(a) pode estar sendo vítima de agressões físicas ou verbais em casa, pelos pais, irmãos, ou outras figuras de “poder”, e tenta, na escola, “descontar” a agressão que sofre.   
Ø  Sofrer Bullyng: Como coloquei acima, o Bullyng é uma relação de poder, e a lógica aqui é a mesma, aquela criança ou adolescente que sofre o Bullyng, em muitos casos procura uma vítima para descontar a agressão que sofre e sentir que também é “poderoso”.
Ø  Falta de empatia: Empatia é capacidade de uma pessoa de se colocar no lugar na outra e sentir como a outra se sente, é basicamente pensar e sentir em como você estaria se estivesse no lugar daquela pessoa, naquela situação. No caso de pessoas que praticam Bullyng podemos notar claramente a falta desta capacidade, afinal, se ela conseguisse se colocar no lugar da outra criança/adolescente, não faria aquilo. Aí você se pergunta: “mas se é provável que ele também sofra algum tipo de violência como é que ele não consegue imaginar como o outro está se sentindo?”. Ótima pergunta J! O que acontece é que empatia é diferente de você simplesmente saber o que outro está sentindo ou até já ter sentido. Na empatia, você sente, naquela situação, a mesma coisa que a pessoa está sentindo. É um pouco complicado, mas esse vídeo aqui pode te ajudar a entender a diferença entre saber como o outro está se sentindo e realmente sentir a “dor” do outro (https://www.youtube.com/watch?v=aPs6q5vqnFs).        
Ø  Imitação: A criança pode simplesmente presenciar cenas de violência/agressão e querer imitar o agressor. Mas ATENÇÃO, a criança não sai por aí imitando qualquer coisa de qualquer pessoa. Ela imita apenas comportamentos que são de alguma forma aprovado por alguém (mesmo que esse comportamento não seja aprovado socialmente, mas para uma figura importante à criança), e esse alguém também deve ser alguém que serve de modelo/espelho para a criança, ou seja, ela imita alguém a quem admira, fazendo algo em que se deu/dá bem. Por exemplo, ela pode ver o irmão batendo em algum colega mais fraco e assim, tendo o respeito dos colegas, ou ainda presenciar o pai agredindo a mãe, irmão, dessa forma conseguindo a obediência e “respeito” de todos na família. 
O Bullyng traz consequências seríssimas não apenas para as vítimas, mas também quem pratica e para que apenas o presencia. Falar sobre essas consequências é muitíssimo importante, principalmente, porque na maioria dos casos, as vítimas se calam e tanto a escola quanto os pais/cuidadores só poderão identifica-lo a partir do momento em que notar estas consequências:
CONSEQUÊNCIAS do Bullyng:

É importante salientar aqui que cada pessoa vai se comportar de uma forma diferente. Estas são as consequências mais comuns e nem todos vão apresentar todas elas, apenas algumas, e em diferentes graus. No entanto, é importante que pais e professores fiquem atentos a essa questão e aos comportamentos das crianças e dos adolescentes, buscando sempre investigar quando algo estiver diferente do “normal”.
Aos pais, nossa dica é que tentem ao máximo estabelecer uma relação afetiva sólida com seus filhos, baseada na confiança, os instruindo sempre a cotar quando algo não estiver legal (e o que está legal também). E dar sempre atenção ao que eles compartilham, mesmo que vocês não considerem assim tão importante, caso contrário, quando acontecer algo realmente relevante, eles podem não querer dividir com vocês por sentir que não vão ser levados a sério, ou que vocês não se importam, ou que vão, de algum modo, incomodá-los. Também é importante que vocês ensinem aos filhos o respeito ao próximo, principalmente por meio do exemplo, afinal, os maiores modelos das crianças são os pais.
À escola, é importante a importante que esteja atenta as formas de relação de poder estabelecida hierarquicamente (direção/gestão/coordenação/pais/professores/funcionários em geral/alunos), para que esta não seja vista pelos alunos como uma relação de “manda quem pode e obedece quem tem juízo” e sim, como uma relação de respeito. Cabe a escola também elaborar e executar projetos que alertem sobre o Bullyng, suas consequências e estabelecer uma relação de confiança com os alunos, para estes denuncie o fato quando e se ocorrer. Por fim, TODOS na escola, devem conhecer o fenômeno e ser capaz de identifica-lo, para que quando a própria vítima não se manifestar, alguém note o que está acontecendo e possa acolhê-la.       
Por fim, em casos extremos, em que a vítima, o (a) agressor (a) ou até mesmo o expectador apresente aqueles sintomas listados nas consequências, de forma intensa e que isso esteja afetando a vida dele(a), é necessário que a ajuda profissional seja acionada, no caso, um Psicólogo.  Nestes casos, o profissional irá intervir de acordo com as consequências e o modo como elas têm afetado a vida da criança/adolescente e ainda se ela é o agressor a vítima ou apenas um expectador. Em alguns casos, é importante que os pais/cuidadores também procure por ajuda (orientação para pais) para saber de que forma pode ajudar o filho (a) e como lidar com a situação atual, sem ser invasivo ou negligente.
Ainda é válido salientar que alguns adultos ainda apresentam sequelas do Bullyng sofrido na infância, no entanto não relacionam os problemas atuais aos antigos. Alguns dos problemas mais comuns enfrentados por estas pessoas é a dificuldade em fazer novas amizades ou mantê-las, dificuldade em entrar em um relacionamento amoroso (por causa da dificuldade de socializar), agressividade, ansiedade, depressão, dentre outros. Se for seu caso, procure um Psicólogo. Nós podemos ajuda-los a lidar com estes problemas, desenvolvendo estratégias para enfrenta-los, superá-los e seguir adiante.
Bom, por hoje é só. Espero que o artigo tenha ajudado a esclarecer as dúvidas sobre o Bullyng. Se ainda tiver alguma dúvida, entre em contato conosco!
Obrigado pela atenção até a próxima.
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Sobre a autora: Rebeca Porto é Psicóloga e atende na Harmonie Espaço Psicoterapêutico. É mestranda em Psicologia pela Universidade Federal do Vale do São Francisco, membro do Grupo de Pesquisa em Psicometria e Psicologia do Esporte (GEPPE).
Contato: rebeca.c.porto@hotmail.com

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