segunda-feira, 18 de abril de 2016

SERÁ QUE EU CONSIGO PASSAR NO VESTIBULAR?


Quem nunca ouviu pelo menos uma destas frases de efeito? Ou até mesmo as disse a alguém? Eu mesma, quando estava no cursinho, coloquei aquela primeira no meu mural do Orkut (todo mundo aqui sabe o que Orkut, né? Por favor, não me façam me sentir velha!). Mas isso parece tão senso comum.... Será que isso realmente ajuda alguém? Ou até mesmo, será que alguém acredita nessas coisas que dizem?
Vamos descobrir isso ao longo do nosso textinho de hoje, no qual falaremos sobre AUTO-EFICÁCIA! Isso mesmo, Auto - eficácia. Nunca ouviu falar disso? Então eu explico.
O dicionário do google define eficácia como sendo: “segurança de um bom resultado; validez, atividade, infalibilidade”. Para a Psicologia a auto - eficácia perpassa por essa definição, ela nada mais é que a crença que uma pessoa tem sobre sua capacidade em realizar tarefas específicas, como uma prova, por exemplo.
Mas ai você pode se perguntar: “O que isso tem a ver com o vestibular, com o concurso, com a prova da ordem (OAB), com as provas da escola ou a faculdade em geral?” É simples, a auto – eficácia ou estas crenças em nossas capacidades influenciam nas nossas aspirações, nos estabelecimentos de metas, no nosso envolvimento com essas metas que criamos, no nosso nível de motivação, na perseverança, dentre outras coisas.
Vamos supor que Cris (personagem fictício), sonha em ser Engenheira. Ela estuda muito e acredita que se continuar estudando do jeito que está, ela será aprovada. Cris se dedica a uma rotina de estudos preparada por ela mesma, baseada nas suas limitações (que ela conhece bem), cria metas de estudos (metas que ela reconhece como possíveis de serem cumpridas) e, sendo estas metas possíveis de serem cumpridas, ela se envolve com elas e as cumpre. Pelo fato de Cris estar seguindo para um caminho que ela deseja e por acreditar que seu esforço é importante e imprescindível, seu nível de motivação para estudar é predominantemente alto. Ela já até fez algumas provas de vestibular, mas reprovou, no entanto, ela não desanima, pois acredita em seu esforço e seu “sucesso”.
Vamos pensar em outro caso. Mário (também personagem fictício) quer muito passar no vestibular de Engenharia (ele não parou para avaliar o que quer, mas dizem que ele tem cara de engenheiro, então ele está decido), só que Mário nunca foi aquele aluno muito estudioso, nunca tirou ótimas notas; sempre foi mediano. Ele não acredita muito que vá passar no vestibular, mesmo que neste ano ele esteja tentando se dedicar. Quando começa a estudar e não consegue resolver uma questão, logo se desespera, e vai fazer outra coisa, fugindo assim da matéria. Ele não consegue cumprir o horário que planejou para estudar... “Estabelecer metas? Pra quê se eu não vou conseguir cumpri-las mesmo?”   
Você consegue perceber diferença entre Cris e Mário? A crença que eles têm neles mesmo, a auto-eficácia deles. Mas, como é que uma pessoa se torna ou não auto-eficaz?
Todos nós possuímos um sistema de crenças que afeta nossos sentimentos, nossos pensamentos e nossas ações. Essas crenças são construídas socialmente no decorrer da nossa vida. A literatura acerca da auto-eficácia diz que existem quatro formas principais de influência das nossas crenças. São elas:
1.      Experiências significativas: O sucesso aumenta a auto-eficácia e o fracasso a diminui. Por exemplo, pessoas que geralmente “se dão bem” nas provas, tendem a ter uma auto-eficácia maior que aquelas que “não se dão bem”.
2.    Avaliação que fazemos do desempenho dos outros: é o que nos leva a pensar "se fulaninho consegue, eu também consigo".
3.   Avaliação que recebemos dos outros: Esta contribui muito na formação da auto-eficácia. Figuras como pais e professores são muito importantes aqui, pois são modelos para nós. Por exemplo: Alguns pais costumam valorizar muito mais o resultado do desempenho dos filhos do que o esforço propriamente dito; no entanto, quando os resultados não são os esperados, a avaliação certamente é negativa, gerando entre outras coisas, sofrimento e sentimento de que não importa o quanto tente, nunca se vai agradar os pais.  
4.    Emoções positivas e negativas: Elas influenciam em como as situações são percebidas. Por exemplo, uma pessoa com uma emoção positiva (feliz, alegre) pode receber uma avaliação negativa, mas não dar tanta importância. Já uma pessoa em um estado de emoção negativa, pode receber uma avaliação nem tão ruim assim, mas que vai ser intensificada por causa do seu “estado de espírito”.
Sendo assim, podemos inferir que a eficácia influência nas escolhas profissionais, baseado na segurança do estudante em que pode ou não passar, uma vez que nós tendemos a evitar situações que acreditamos exceder nossas capacidades.  
Mas não precisa se desesperar, nem deixar de lado aquele curso que tanto sonha porque anda se sentindo descrente de suas capacidades. O primeiro passo a seguir é identificar essa baixa auto-eficácia. Como você se sente diante das coisas que almeja? Confiante ou acha que aquilo é muito para você? Comece a pensar um pouco na sua história de vida e analisar aqueles quatro pontinhos que colocamos acima (as principais influências nas nossas crenças), tentando identificar o que contribui para a sua descrença. Tente fazer uma lista das suas conquistas, dando ênfase aquelas que você não acreditava conseguir. Temos o péssimo hábito de lembrar sempre do fracasso e esquecer as conquistas.
No mais, as frases de efeito na introdução, não servem de muita coisa se você não acredita no que elas dizem. Mas se você acredita pelo menos um pouquinho, elas podem servir como um estímulo! Como diz Renato Russo: Quem acredita sempre alcança!
Bem, espero ter ajudado a vocês se conhecerem um pouquinho mais e a identificar esse possível problema. Se depois dessa leitura você notar que realmente está com dificuldade em acreditar em si mesmo e por conta disso se sente triste, ansioso, não consegue estudar, se sente culpado, procure ajuda! Nós precisamos fazer um exercício de avaliação dos nossos limites e reconhecer quando não estamos dando conta de tudo sozinho!
Nessa questão, o psicólogo pode te ajudar! Por meio de avaliações, análises e utilização de técnicas baseadas em evidências, esse profissional vai te ajudar a aumentar essa auto-eficácia!   
Abraços e até a próxima! ;)

Sobre a autora: Rebeca Porto é Psicóloga e atende na Harmonie Espaço Psicoterapêutico. É mestranda em Psicologia pela Universidade Federal do Vale do São Francisco, membro do Grupo de Pesquisa em Psicometria e Psicologia do Esporte (GEPPE)  e apaixonada pela profissão. 
Contato: rebeca.c.porto@hotmail.com